Matosinhos: Conservas Ramirez preocupadas com aumentos no óleo, alumínio e energia

O presidente das conservas Ramirez, empresa sediada em Matosinhos, manifestou-se hoje preocupado com os aumentos dos preços do óleo de girassol e do alumínio, matérias-primas importadas da Ucrânia e Rússia, e também com os custos energéticos.

“No caso do óleo de girassol, há um impacto enorme porque o principal produtor é a Rússia e a Ucrânia. Houve um aumento, se calhar, para o dobro dos preços, situação que para nós é muito complicada”, começou por dizer aos jornalistas Manuel Ramirez, presidente da conserveira de Matosinhos, no distrito do Porto.

No âmbito de uma visita do ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, às instalações da empresa, o responsável ressalvou que, para já, estão em vigor “contratos antigos que estão a ser cumpridos”, interrogando-se “até quando” isso poderá acontecer.

“Por outro lado, encontrámos no azeite uma alternativa, mas o azeite está muito especulado, portanto também é difícil ter uma solução, digamos, equilibrada”, referiu o empresário.

Quanto aos preços da energia, afirmou que é algo que não consegue “controlar”, estimando, no momento atual, um “impacto de mais de um milhão e meio de euros para uma empresa que fatura 30 a 35 milhões de euros”.

Outro aspeto relevante é o alumínio, matéria-prima utilizada para fazer as latas de conserva, do qual tanto a Ucrânia como a Rússia são produtores.

“As latas, neste momento, já subiram. Já subiram com o covid, mas também sabemos que a produção e os grandes produtores de matéria-prima, alumínio, estão nessas zonas”, vincou.

As latas já produzidas estão já litografadas com a referência aos óleos utilizados, mas o objetivo da empresa face às circunstâncias é uniformizar a identificação, para evitar desperdício e o consequente desperdício.

“Nós estamos a tentar que pelo menos, para futuro breve, as novas tiragens de litografia pudessem ser consideradas em óleo vegetal apenas, e não ter de ser discriminado a matéria-prima: girassol, soja ou outro”, detalhou Manuel Ramirez, considerando que deitar fora “três milhões, quatro milhões de caixas para a frente seria uma desgraça”.

Como alternativas à escassez das várias matérias-primas, a conserveira matosinhense disse estar, “como sempre”, a comprar antecipadamente, contando ainda com “a sorte de alguns dos fornecedores” manterem os preços, mas “não é certo”, havendo alguns contratos a ser rasgados no setor.

“Esperemos que não cheguemos a esse ponto, mas tudo é uma incógnita. Nós vivíamos em paz durante muitos anos, tivemos uma pandemia grande de dois anos, mas os produtos mantinham-se com umas pequenas inflações”, um cenário agora confrontado com “uma inflação alta e subidas de preços anormais”.

Manuel Ramirez, que sucedeu ao pai (falecido no dia 08 de março) na liderança da empresa, reconheceu que aquilo a que os “clientes estão habituados, ou seja, uma certa estabilidade”, neste momento não é controlável.

Quanto aos preços dos consumidores, o industrial também afirma que já se começam a ver subidas, mas “um pouco ainda pela pandemia”, admitindo que futuramente a guerra irá “fazê-lo repercutir” ainda mais.

O empresário referiu ainda que, em termos de exportações, as conservas Ramirez exportavam “esporadicamente” para a Ucrânia, mas “muito no tempo da União Soviética, para Moscovo”.

“Estávamos a retomar Moscovo agora com uma certa força, mas ainda não era significativo”, afirmou, referindo que a empresa está presente para 50 mercados, algo que contribui para diluir riscos.

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