Durante a reunião do executivo municipal, a primeira presencial desde o início da pandemia de covid-19, o comunista José Pedro Rodrigues classificou o protocolo de uma “minuta de intenções” porque se anunciou uma cidade da inovação, mas não se detalhou o “tipo de inovação”.
“Não se sabe o tipo de inovação desta cidade, que tipo de projetos vão ser implementados e, não se sabendo, como se pode falar na criação de até 25 mil empregos”, questionou.
Por seu lado, o social-democrata Bruno Pereira falou numa “mão cheia de nada” e apontou a “enorme incerteza e falta de informação” sobre o futuro projeto empresarial a ser criado no local.
A antiga refinaria de Matosinhos, no distrito do Porto, vai dar lugar a uma cidade da inovação ligada às “energias do futuro”, no âmbito de um protocolo de cooperação entre a Galp, a Câmara de Matosinhos e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).
O desenvolvimento de um ‘Innovation District’ [cidade da inovação] e a cedência de parcelas de terreno para a construção de um polo universitário são dois projetos em avaliação ao abrigo deste protocolo.
Este projeto poderá gerar 20 a 25 mil empregos diretos e indiretos em 10 anos.
O vereador da CDU criticou a “excessiva confiança e boa-fé” na Galp que “teve tudo menos boa-fé” com os trabalhadores e a Câmara de Matosinhos.
Dizendo que desenvolvimento industrial não tem de significar poluição ambiental, José Pedro Rodrigues disse que esta opção demonstra uma “clara inexistência de opção industrial”.
O projeto prevê a criação de habitação, hotelaria, restauração e comércio, serviços que já existem no concelho, sublinhou.
“Falar em 20 a 25 mil postos de trabalho, apregoar um projeto de construção habitacional, hotelaria e comércio e não solucionar ou prever soluções para o trânsito de Matosinhos, para a A28, para a ponte móvel – que se encontra em avançado estado de degradação — e não prever nenhuma novidade de transportes públicos para servir aquela área é mesmo de quem nos conta a história da carochinha”, considerou o vereador do PSD.
Bruno Pereira disse que não é “de todo aceitável que se propagandeie um pseudo-projeto” quando ainda se desconhece um plano e um calendário para a descontaminação dos solos.
É importante garantir que não será aprovado nada para aqueles terrenos que seja contrário à saúde pública e que prejudique os interesses dos matosinhenses, sustentou.
Confrontada com estas posições, a presidente da Câmara Municipal de Matosinhos afirmou que o protocolo é o “ponto zero” de um “longo processo”.
“O protocolo não resolve nada, é uma primeira etapa do processo. Não se vai resolver o futuro da refinaria, vai encaminhar-se”, afirmou Luísa Salgueiro.