Um projeto de promoção de envelhecimento ativo a decorrer desde 2021 no Porto, Maia e Matosinhos, envolvendo 800 idosos, vai crescer em setembro para Vila Nova de Gaia e ultrapassar o milhar de beneficiários.
Tai Chi, ioga, música/canto, teatro e expressão plástica compõem os 600 ateliês mensais dinamizados por 25 formadores em 50 centros de dia e lares de idosos das três cidades do distrito do Porto, num projeto cujo impacto, revelou à Lusa o presidente do Espaço T, Jorge Oliveira, “causou uma mudança muito grande na dinâmica dos centros”.
Ana Cristina Peres, dinamizadora de ioga no lar Professor Dr. José Vieira de Carvalho, na Maia, é uma das responsáveis no terreno pelos sorrisos que tem diante de si. Na sala, 15 idosos aguardam que a música de meditação abra a aula semanal de ioga que decorre desde julho.
Fala em “união do grupo” e “oportunidade” que o ioga deu às pessoas de “se conheceram melhor”, mas também das “vantagens ao nível da mobilidade, dinamismo, comunicação, de trabalhar o corpo a nível muscular, articulações e a alegria”.
“É ioga adaptado à terceira idade, com exercícios, técnicas de respiração, mas também cânticos. Tudo durante 90 minutos”, resumiu.
Sentada à sua frente, Carmen Macedo elogiou a professora, o ioga e revela ter pena do número de vezes da terapia por semana: “se fossem duas vezes por semana era melhor”, disse na resposta acompanhada com uma gargalhada.
Ao lado, parco em palavras, Joaquim Azevedo assumiu ter “ganho mais genica e alegria”.
No Porto, Alexandre Corazza é o dinamizador de Tai Chi na Obra Social da Boa Viagem, a distribuir os balões aos 12 idosos para iniciar a sessão semanal.
A atividade que decorre há cerca de um ano, disse, permitiu ganhos ao nível da “fluidez do movimento”.
“É algo que vai influir no objetivo principal da técnica que é o trabalho da saúde, a fluidez do movimento e da respiração e da destreza”, resumiu.
Mais uma vez, é de “adaptação” que se fala, explicando o formador que “o recurso aos balões é para que [os idosos] sintam o volume que existe envolto no movimento”.
“Há evolução e um ganho significativo na satisfação pela execução do movimento. O principal é o que se sente por dentro”, explicou Alexandre Corazza, que enfatizou ainda o “trabalho de coordenação que melhora de aula para aula”.
A aguardar pelo início da aula, João Roças foi taxativo na resposta à Lusa: “o Tai Chi têm-me feito muito bem. Esta coisa de andar com a bola para um lado e para o outro (…) toda a gente assiste e toda a gente gosta, enquanto boccia e outras coisas o terreno não é próprio para isso”.
Sublinhando que a sessão semanal de Tai Chi “é suficiente”, mostrou ganho ao nível da saúde quando ergueu o braço direito: “tem feito muito bem a este braço. Não o levantava e agora levanto”.
Em cadeira de rodas, Maria Duarte contou como o Tai Chi a ajudou a recuperar de um “acidente vascular cerebral e de um derrame cerebral”.
“Faço melhor os movimentos, apesar de ter as minhas dificuldades”, disse, concordando que uma sessão por semana “chega” e que, apesar de ser um “esforço”, tenta “fazer tudo”.
Segundo Jorge Oliveira, financiado pela Fundação Belmiro de Azevedo, a recente chegada de outro financiador, a Missão Continente, vai adicionar “mais dois anos de vida e um novo destino”.
“A partir de setembro vamos crescer para Vila Nova de Gaia, passando de 800 para 1.200 idosos no projeto”, desvendou o responsável da Associação para o Apoio à Integração Social e Comunitária (Espaço T).
Jorge Oliveira, contudo, quer mais e avançou com o objetivo de dentro de “dois anos levar o projeto a todos os centros de dia da região Norte”, assim haja “financiamento”.
Aludindo, também, ao aumento da “empregabilidade junto de grupos ligados às artes” que a criação do projeto permitiu ao incluir os dinamizadores, o responsável da associação referiu que uma parte deles “são brasileiros e de países de Leste” e que, assim, os ajudam “a melhorarem a empregabilidade e a legalizarem-se em Portugal”.