A presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) avisou hoje que “é imprescindível” que o Governo reveja os critérios da delegação de competências para que não haja um “agravamento da situação financeira das autarquias”.
À margem da cerimónia que assinalou a transferência de competências na Ação Social do Estado para a Câmara de Matosinhos, a também presidente desta autarquia, Luísa Salgueiro, salientou que “as câmaras municipais não estão com folga nos seus orçamentos para acrescentarem despesa”, pedindo um “canal de diálogo” entre Governo e poder local.
“Esta transferência [de competências] dá-se num dos momentos mais difíceis da nossa vida coletiva e tem grandes impactos nas contas […], e portanto não pode, por via da delegação de competências, agravar-se a situação financeiras das autarquias”, indicou.
Por isso, Luísa Salgueiro deixou um aviso ao executivo nacional: “Deve voltar a ver os critérios para que não aconteça uma situação de agravamento da situação financeira das autarquias. É imprescindível que reveja”, alertou.
Assumindo ser “uma entusiasta da delegação de competências”, Luísa Salgueiro, eleita pelo PS, explicou que este “não é um processo que termina hoje” e admitiu haver alguns problemas, mas sublinhou que a descentralização é um passo necessário.
“Não podemos manter o poder todo concentrado em Lisboa, não podemos ter um discurso regionalista e, por outro lado, num momento em que é possível aceitar competências, dizer que não. Nós queremos a descentralização, queremos as novas competências”, defendeu.
A autarca referiu ser “importante que se mantenha um diálogo, um processo dinâmico com os vários ministérios envolvidos, porque há ainda problemas para ultrapassar e também há problemas do ponto de vista financeiro – nem sempre as contas estão equilibradas”.
A ANMP, garantiu, continuará envolvida no processo, fazendo chegar às várias tutelas as dificuldades “do ponto de vista material, na gestão dos edifícios, dos funcionários, problemas financeiros que estejam associados”, porque, explicou, o desejo é que haja “um avanço no serviço às populações” e não “mais constrangimentos às câmaras municipais”.
Segundo Luísa Salgueiro, os maiores problemas estão na área da Saúde, por os autarcas verificarem que “não existe uma coincidência entre a avaliação [de custos] que fazem e a aquela que é transmitida pelas Administrações Regionais de Saúde”, e na área da Educação.
