A presidente da Câmara de Matosinhos adiantou esta quarta-feira, dia 20, que o relatório sobre o grau de contaminação do terreno cedido pela Galp à autarquia, na sequência do encerramento da refinaria em 2021, deverá ser entregue “muito brevemente”.
“Era para ser entregue até 31 de março e não foi, agora esperamos que o relatório sobre o grau de contaminação do terreno cedido [pela Galp] à câmara seja entregue a qualquer momento”, referiu Luísa Salgueiro aos jornalistas, no final da reunião do executivo municipal.
A autarca acredita que a área cedida pela Galp, que é de aproximadamente de 40 hectares e se localiza no topo Norte, não precisará de ser descontaminada porque não tinha equipamentos, nem atividade.
Nessa parcela, a autarquia pretende construir uma cidade da inovação ligada às “energias do futuro”, no âmbito de um protocolo de cooperação entre a Galp, a Câmara de Matosinhos e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).
A cidade da inovação pretende potenciar “um ecossistema urbano, social e ambientalmente sustentável, incluindo comércio e serviços, hotelaria, restauração, indústria 5.0, habitação, equipamentos culturais e de lazer, com destaque para um ‘Green Park’ [parque verde]”.
Luísa Salgueiro abordou esta questão na reunião, depois de ser questionada pelos vereadores do PCP, PSD e do Movimento António Parada, Sim! sobre as declarações do presidente executivo (CEO) da Galp, Andy Brown, que avisou que vai ser preciso “paciência” até que a descontaminação dos solos da refinaria de Matosinhos fique concluída, para dar lugar à cidade da inovação prevista para os terrenos.
“Estamos absolutamente determinados em Matosinhos, para criar este ‘hub’, mas tenho de avisar toda a gente que vão ter de ser muito pacientes”, afirmou o gestor, num encontro com jornalistas, na sede da Galp, em Lisboa.
A autarca, que recusou comentar estas declarações por as desconhecer, esclareceu que o plano de desativação da refinaria entregue pela Galp, que refere que a descontaminação dos terrenos poderá só estar concluído na próxima década, não envolve a parcela cedida pela empresa à câmara.
“Sobre o plano de desmantelamento e descontaminação [da refinaria] que a Galp apresentou é importante clarificar que não engloba a parcela cedida à câmara, mas todo o restante”, disse.
Dos cerca de 260 hectares que ocupava a refinaria, a Galp cedeu 40 deles à autarquia para aí desenvolver projetos de utilidade pública e aplicar as verbas do fundo para a transição justa, recordou.
Desta forma, acrescentou, o plano de desativação da refinaria engloba apenas os outros 220 hectares de terreno, não pondo em causa a utilização dos fundos, nem a concretização da cidade de inovação.