O homem acusado de atropelar e matar a ex-namorada em junho, em Matosinhos, admitiu ontem em tribunal que só se lembra de direcionar o carro na direção dela e que, a partir daí, teve “uma branca”.
“A única memória que tenho é de ir [com o carro] na direção dela [ex-namorada] e, a partir daí, não me lembro de mais nada”, afirmou o arguido, de 43 anos, perante o coletivo de juízes do Tribunal de Matosinhos.
O alegado homicida estava em liberdade condicional depois de ter sido condenado por ter matado uma outra ex-namorada com uma faca.
Teve uma relação atribulada de dois anos com a vítima de Matosinhos, uma mulher de 37 anos que o bloqueou nas redes sociais e informou-o por mensagem que não queria mais contactos.
O arguido contou que, depois percebeu que ela tinha um novo namorado com quem já vivia. Explicou que, no dia do crime, a 6 de junho, foi de carro até casa dela e, quando a viu sair, buzinou-lhe para a chamar e conversar, mas ela seguiu em passo acelerado.
“Desnorteado decidi ir atrás dela de carro e senti uma grande raiva por ela me estar a ignorar”, afirmou, acrescentando que direcionou o carro na direção da ex-namorada e que, a partir daí, não se lembra de mais nada, alegando ter tido “uma branca”.
Questionado pelo coletivo de juízes se a queria matar, o arguido respondeu dizendo que lhe queria fazer mal e que, depois, pretendia suicidar-se.
A acusação frisou que a 6 de junho, o arguido, que está em prisão preventiva, deslocou-se no seu carro até ao local de trabalho da ex-companheira, em Matosinhos, esperou que saísse e começasse a caminhar pelo passeio. A mulher estava a caminhar quando este “acelerou fortemente”, subiu o passeio e embateu com o carro contra ela, projetando-a para a estrada.
“De seguida, por sete vezes (em manobras de avanços e recuos) o arguido passou com os rodados do veículo por cima do corpo da vítima, com especial incidência na zona da cabeça, provocando-lhe a morte”, descreveu a acusação.
Contudo, acrescentou o Ministério Público, ao ser surpreendido por um popular que acorreu em socorro da mulher, o arguido decidiu prosseguir a marcha, invadir a faixa de circulação contrária e ir contra aquele, só não o atingindo porque conseguiu saltar para o meio de dois carros estacionados.
Tendo a defesa pedido a realização de uma perícia psiquiátrica no Instituto de Medicina Legal (IML), o alegado homicida terminou o depoimento dizendo que estava muito arrependido do que fez tendo, por causa disso, de tomar vários ansiolíticos.
Os pais da vítima mortal pedem uma indemnização de 400 mil euros.