“Matosinhos parou no tempo” – entrevista a Joaquim Jorge do Matosinhos Independente (c/ Podcast)

Joaquim Jorge (Matosinhos Independente)

Entrevista a Joaquim Jorge, cabeça de lista à Câmara do Matosinhos Independente.

Joaquim Jorge, 63 anos, fundador do Clube de Pensadores e do Movimento “Matosinhos Independente”, através do qual se candidata à presidência da Câmara de Matosinhos.

Joaquim Jorge assume-se como o único verdadeiro independente a concorrer à Câmara, uma vez que sublinha a diferença entre “uma pessoa que se zangou com o partido” e agora diz que se candidata como independente e também a diferença de outra situação – a do candidato que é independente, mas que se candidata com o apoio de uma coligação de partidos, tal como Joaquim Jorge foi convidado a concorrer em 2017 pelo PSD/CDS.

Atualmente, Joaquim Jorge afirma-se “cansado” da política partidária tradicional e decide “pôr em prática as minhas ideias”. Assim, sublinha, o Matosinhos Independente é apoiado por um grupo de cidadãos eleitores do concelho “sem intervenção de partidos”. E a recolha de assinaturas, tendo em conta a pandemia, “não foi fácil”. Já entregou as listas em Tribunal e agora espera a aprovação para se afirmar a 100% como candidato.

As suas listas contêm 167 candidatos, o que “é uma coisa brutal” comparando com o que é preciso concorrer a nível nacional, 230 deputados.

Ainda assim, Joaquim Jorge aponta que, em Matosinhos há um “clima de medo” e que teve muita dificuldade em organizar debates e sessões públicas do Movimento. As associações contactadas tiveram medo de ceder ou arrendar uma sala, porque podiam perder os subsídios, refere, por isso uma das coisas que quer propor é “a criação de espaços” de Cidadania. A solução que “Jota” (como é conhecido) encontrou foi arrendar espaços numa padaria após a hora de expediente.

Maria do Céu é a sua mandatária, “mandatária sénior, que andou comigo ao colo”, como Joaquim Jorge a carateriza. Criou um mandatário de proximidade, função desempenhada por Manuel Coelho. A mandatária de candidatura do Matosinhos Independente é Ana Trancoso.

Manuela Silva é a candidata para a União S. Mamede/Senhora da Hora, Manuela Ferreira da Silva candidata-se a Matosinhos/Leça, enquanto Cláudia Monteiro é a cabeça de lista a Perafita/Lavra e Santa Cruz do Bispo, e João Ribeiro encabeça a lista a Custóias/Leça do Balio e Guifões.

Joaquim Jorge destaca ainda profissionais “de renome” que colaboram com este movimento independente, tal como a pessoa que o ajudou a desenhar o seu programa, o arquiteto Joaquim Massena, ou ainda Mário Russo, professor universitário, especialista em resíduos sólidos, ou mesmo Liliana Vaz de Carvalho, especialista em animais.

mudar o paradigma das cidades”

Sendo biólogo de formação, “Jota” defende que é preciso “mudar o paradigma das cidades” ao nível de temperatura, resíduos sólidos e águas pluviais, tendo em conta os problemas que têm vindo a fazer-se sentir no mundo devido às alterações climáticas.

Explica que cada vez vamos ter mais inundações, as temperaturas estão a aumentar, sendo necessário rever todo o sistema de condutas de águas pluviais, e ainda criar, a par do cimento que impermeabiliza a cidade, “zonas verdes e água para dar frescura e baixa a temperatura”.

Temos que ter uma nova relação entre as pessoas, que é criar a chamada cidade em 15 minutos, que é eu poder ir trabalhar e poder ir à escola e aos serviços públicos a pé”, argumenta Joaquim Jorge que defende ainda uma “nova relação com os animais”. Joaquim Jorge pretende implementar uma estrutura como viu recentemente na Suíça, uma “ciclovia para cães”, em que as pessoas “levam o cão ao lado da pista de bicicletas e existem sítios de recolha” das necessidades dos caninos com todas as condições de higiene.

O que “nunca faria”

Questionado sobre as prioridades da candidatura, Joaquim Jorge inverte a questão e responde ao que “nunca faria” e dá como exemplo “nunca aconteceria o Raf Park, que custou 600 mil euros mensais e está ali parado”.

Outros casos apontados: “uma infraestrutura social em S. Mamede onde se gastou 4 milhões para Cuidados Continuados e nunca foi concluída; os terrenos do Leixões foram envolvidos numa permuta, voltaram atrás e quem ficou a perder foram os matosinhenses…”

Como “o rio Leça desagua no porto de Leixões”, Joaquim Jorge defende “uma ETAR a montante” no sentido de melhorar a qualidade das águas das praias e poder ter em Matosinhos a bandeira Azul. Além disso, é preciso envolver “todos os concelhos” das margens do Leça na despoluição do rio.

Joaquim Jorge lembra ainda que o caso do Hotel da Praia da Memória é um “caso infame, permite-se que o empresário construa e agora embarga-se, claro que ele tem de ser ressarcido, quanto é que isto vai custar ao erário público?”

Recorda a necessidade de maior segurança e melhoria do estado das estradas interiores, bem como a sinalização das fronteiras do concelho, porque “toda a gente sabe, ali junto ao Lar do Comércio, quando entra ou sai da Maia, mas ninguém sabe que aquela zona é Leça do Balio, é Matosinhos”. E acrescenta até que Matosinhos deve “afirmar-se” no centro de decisões da Área Metropolitana do Porto.

Referendo local sobre terrenos da Refinaria

No que respeita aos terrenos da Refinaria da Galp, em Leça, o cabeça de lista à Câmara pelo Matosinhos Independente advoga “dar voz aos matosinhenses”, implementando um referendo local, em que a população “diga o que quer que se faça ali, para depois não haver críticas”. Aquela área “é uma frente lindíssima que pode projetar Matosinhos a nível nacional e internacional”, frisa Jorge.

A sua opinião pessoal é que se transforme aquela zona numa área verde: “eu sou de Biologia e sei muito bem que os terrenos estão contaminados, mas então não estão contaminados para fazer prédios?”

Como última mensagem, Joaquim Jorge afirma que está nisto porque “gosta de intervir, já que Matosinhos parou no tempo”.

Fala para todos os matosinhenses, e mais importante, “falo para quem não vota”. É que, especifica, “há 150 mil eleitores em Matosinhos, 75 mil não votam e quem está no poder teve 29 mil votos. Se 75 mil pessoas me dessem o benefício da dúvida, veja bem o que seria”…

Entrevista na íntegra (áudio):

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