STCP “foi um presente envenenado” – ENTREVISTA a ANTÓNIO PARADA (independente), com Podcast

António Parada

 

Entrevista a António Parada, candidato independente pelo movimento ‘António Parada Sim’ à Câmara de Matosinhos (com Podcast).

António Parada, 54 anos, natural de Matosinhos, cidade de onde já foi presidente de Junta. É licenciado em Relações Internacionais e desempenhou a função de adjunto do secretário de Estado das Pescas. É pai de dois filhos.

Pelo Movimento ‘António Parada Sim’, volta a candidatar-se à Câmara de Matosinhos. Há oito anos, conquistou três lugares na vereação e há quatro anos conseguiu dois. É vereador sem pelouro na autarquia de Matosinhos.

 

O facto de Narciso Miranda já ter anunciado que não se volta a candidatar, é considerado pelo candidato independente como “oportunidade de chamar” a si algum eleitorado que vota Narciso Miranda. Sim, “é uma vantagem”, admite António Parada. Mas as pessoas podem escolher, hoje, entre as várias opções, considera Parada, que felicita todos os candidatos e outros partidos, pois “todos têm um projeto para Matosinhos e devem ser respeitados da mesma forma”.

No campo dos independentes, o combate político fica “mais pobre” sem o Narciso Miranda. Um dos seus propósitos “é ir buscar a casa aqueles que não votam”, por estarem desiludidos com a política, os políticos e os partidos em geral.

O processo de recolha de assinaturas para a formalização das listas decorre a bom passo, explica Parada, que especifica, “em 2017 demorámos 62 dias para recolher as assinaturas, e desta vez demorámos 23”. O candidato independente considera que “há um apoio mais reforçado do que em 2017, as pessoas procuram-nos para dar a assinatura”, o que significa que “estão à procura de uma alternativa ao que se passa, hoje, em Matosinhos”.

Candidatos “sem vícios políticos”

Quanto a candidaturas a todas as freguesias, António Parada afirma que “apresenta os melhores candidatos a todas as freguesias”. São pessoas “sem vícios políticos e sem nenhum tipo de vínculo”. O único que teve vínculo foi António Parada, ao PS, mas, frisou, “não tive vícios, por isso é que saí do PS”.

Para candidata a Santa Cruz do Bispo, Lavra e Perafita candidata-se pelo Movimento António Parada Sim, Inês Morais. Em Guifões, Custóias e Leça do Balio a candidata é Susana Santos. Para Senhora da Hora e S. Mamede de Infesta foi escolhido o candidato José Teixeira. Já para Matosinhos e Leça da Palmeira o candidato é Fernando Machado.

O candidato considera que se deve estar na política de forma “livre e espontânea” a cumprir “cidadania” ou tentamos ter essa postura através de uma ligação a um partido, “esquecemos que estamos num partido”, mas haverá eventualmente em determinadas situações a advertência: “não pode fazer isto, porque não é bom para a imagem do partido. Aí percebemos que não estamos a prestar um bom serviço à comunidade”.

Apesar de admitir que aprendeu muito com o Partido Socialista, António Parada quis sair por entender que o partido condiciona muito um político.

não foram acautelados os interesses dos matosinhenses” no fecho da Refinaria

O que mais lhe dá pena de não ter sido eleito em 2017 para presidente de Câmara de Matosinhos é o caso do encerramento da Refinaria de Leça da Palmeira, afirma António Parada, porque a “GALP era um parceiro económico fundamental não só para a nossa economia local, mas também para as coletividades e associações”. As coletividades do concelho recebiam, por indicação da Câmara, uma comparticipação financeira da Petrogal, como responsabilidade social para apoiar a Cultura e Desporto de Matosinhos. Além de todo o emprego que gerava, direta e indiretamente, ou seja, os cafés, restaurantes e outras pequenas e médias empresas da região.

Como se sabe, a Câmara não tem poder nenhum sobre a Petrogal, que “é uma empresa privada que determina quando acaba e quando começa”, mas a afetação daquele terreno depende muito da decisão do município. “Para haver uma alteração da afetação do terreno tem que haver pareceres, desde a autarquia, CCDRN e APA”, explica António Parada, que considera que a Refinaria não “respeita a presidente da Câmara, portanto, saíram de um dia para o outro”. Uma coisa é certa, diz o candidato, “não foram acautelados os interesses dos matosinhenses: económicos, sociais e culturais”.

se for presidente da Câmara, eles (GALP) vão ter que falar comigo”

Questionado se concorda que a Refinaria dê lugar a uma exploração de lítio, António Parada é categórico: “se for presidente da Câmara, eles vão ter que falar comigo”. E deixa um aviso à GALP: “se eu for presidente da Câmara, eles vão ter que readmitir os funcionários todos para fazerem o que querem em Matosinhos. Porque senão…não vou autorizar”.

Há outros problemas que se colocam. A APDL – Administração do Porto de Leixões avançou com o projetos das plataformas logísticas, onde foram gastos milhões em expropriações. Hoje, com a saída da Petrogal, não há justificação para essas expropriações, sendo que a APDL já se veio queixar que perdeu receitas com o fecho da Refinaria. “São dois golpes num só”, considera António Parada.

Por outro lado, o candidato independente pelo movimento António Parada Sim, quer que Matosinhos passe a ter maior representatividade no centro de decisões na área metropolitana, referindo-se a um poder bipartido entre Porto e VN Gaia. A justificar esta ascendência que pretende para Matosinhos, Parada refere um conjunto de infraestruturas fundamentais para a economia nortenha: terminal de cruzeiros, porto de leixões e o aeroporto (em parte de território do concelho). Este conjunto de fatores deve levar Matosinhos a assumir “maior liderança no distrito, quando hoje acontece o contrário”.

Matosinhos não precisa de máscaras pelo correio, precisa de um Plano de Emergência Social”

Quanto a propostas para o futuro mandato, António Parada começa por apontar as carências sociais, referindo que “Matosinhos não precisa de máscaras pelo correio, precisa de um Plano de Emergência Social”. O candidato destaca especialmente novos casos de “pobreza omissa”, até na “classe média”, que vivia relativamente bem e agora está a precisar de ajuda, mas “tem vergonha” de o dizer. Parada diz que primeiro pretende fazer um estudo das reais necessidades da população e só depois partir para um plano de atuação. Defende um Fundo Municipal de apoio direto às famílias.

Por outro lado, como o Plano de Reestruturação e Resiliência não tem um enquadramento direto nas famílias, terá que ser estudado o apoio às empresas, onde há cabimento no PRR. São elegíveis projetos de micro, pequenas e médias empresas. “Logicamente, as maiores empresas são privilegiadas porque podem custear a realização de um projeto de candidatura”, algo que se torna inacessível para micro e empresas familiares.

Assim, se for eleito, “espero ainda ir a tempo de formar um grupo de trabalho de apoio a essas empresas para realização de projetos de candidatura” ao PRR. “Temos que ser proativos e por isso é que sou candidato”, declara António Parada, que adianta ter a seu lado pessoas que se candidatam às freguesias sem interesses a não ser fazer cidadania, já que são “pessoas que têm os seus empregos e não dependem da política”.

STCP “foi um presente envenenado”

No que respeita à mobilidade e transportes públicos, António Parada começa por considerar que a intermunicipalidade da STCP, de que Matosinhos faz parte, “foi um presente envenenado que o país nos deu”.

Trata-se de uma empresa que tem pela frente uma “gestão muito problemática” porque, sublinha Parada, “recebemos autocarros em fim de carreira, com várias Câmaras a oferecerem os passes a 50 e a 30% e temos que perceber como se vai pagar”.

Mobilidade: “Matosinhos tem obrigação de se afirmar no plano distrital”

Nesta questão da mobilidade, “Matosinhos tem obrigação de se afirmar no plano distrital”, até porque somos “o único concelho que dá acesso a todo o distrito, pois quem vem da Póvoa e Vila do Conde para sul passa por Matosinhos, quem vem da Maia passa por Matosinhos, e quem faz o regresso passa também por Matosinhos…”

António Parada considera que o concelho tem “a malha viária saturada”. Por isso, “é urgente reavaliar a Circunvalação” em conjunto com os municípios envolvidos, como Porto, Maia, Valongo e Gondomar. Só assim, intervencionada em conjunto, “terá sucesso”.

Matosinhos tem que tomar a dianteira neste processo, entende Parada, por ser o concelho que se encontrada “mais congestionado”, defendendo ainda uma intervenção no “nó dos produtos estrela”: “é preciso anular aquele viaduto que vai para o Norte Shopping, temos que fazer ali uma passagem aérea ou subterrânea para descongestionar o tráfego”. Só assim Parada considera que “haverá maior mobilidade no distrito do Porto”.

 

Entrevista na íntegra (áudio):
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