Representantes dos antigos trabalhadores da Refinaria de Matosinhos foram ontem ao parlamento

Representantes dos antigos trabalhadores da refinaria da Galp, em Matosinhos, disseram, esta terça-feira, no Parlamento, que a vida destas pessoas “continua muito precária”, sem soluções de futuro e com o subsídio de desemprego a acabar.

O responsável sindical falava na Comissão de Ambiente e Energia da Assembleia da República, em Lisboa, onde a FIEQUIMETAL foi ouvida, a par com a Comissão Central de Trabalhadores (CCT) da Petrogal, a pedido do grupo parlamentar do PCP.

“O certo é que hoje temos cerca de 55 trabalhadores que estão ainda inscritos no fundo de desemprego. (…) Mas a vida deles continua muito precária, para não irmos a termos mais penosos”, disse Mário Matos, dirigente da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Elétricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (FIEQUIMETAL).

Os representantes dos trabalhadores criticam o não envolvimento destes no encerramento da refinaria, “debaixo do ‘chapéu’ de uma transição justa, que de justa nada teve”.

“Alguns deles poderão dizer que já resolveram a sua vida, mas tiveram que resolver pelos seus próprios meios, e quiçá, num número que não temos apurado, alguns deles tiveram que emigrar do país e levar todo o ‘know-how’ (competências) que tinham para fora”, lamentou.

Já Hélder Guerreiro, presidente da CCT da Petrogal, questionou sobre “a pressa de encerrar a refinaria” se a transição justa estava afinal, teoricamente, assegurada.

Mais tarde, Hélder Guerreiro disse que não estava em causa “uma transição energética”, nem “um processo de descarbonização”, uma questão que considerou “bastante clara”: “É possível fazer a transição energética com os empregos? Completamente. Nós não entendemos que haja aqui uma dicotomia”.

Hélder Guerreiro considerou ainda que a formação de maquinista proposta a alguns ex-trabalhadores da refinaria “não resolve” os problemas, devido ao atraso nos processos de recrutamento e seleção, defendendo a reintegração dos trabalhadores, para a qual “a Galp e a Petrogal têm todas as condições”.

O encerramento da refinaria foi comunicado pela Galp em dezembro de 2020 e concretizado no ano seguinte, num processo muito criticado pelas estruturas sindicais.

A Câmara Municipal de Matosinhos constituiu um Comité Científico e um Conselho Consultivo sobre a Reconversão da Refinaria. Já em fevereiro de 2022, a Galp, a autarquia e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) adiantaram que a antiga refinaria daria lugar a uma cidade da inovação ligada às “energias do futuro”.

Este ano foi anunciada a instalação de um Centro Internacional de Biotecnologia Azul no local, que contará ainda com a colaboração da Fundação Oceano Azul.

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