Exposição “Portugal Pop” em Matosinhos olha para últimos 50 anos da moda portuguesa

A mostra “Portugal Pop. A moda em português 1970–2020”, patente na Casa do Design, em Matosinhos, a partir de sábado e até 18 de setembro, traz “um olhar reflexivo sobre os últimos 50 anos” da moda portuguesa.

“Não se propõe um discurso linear ou cronológico sobre a nossa história, propõe-se um olhar reflexivo sobre os 50 últimos anos, para perceber qual a relação, quais as múltiplas formas com que os diferentes criadores que atuaram neste território, segundo a sua mundividência e preferências, gostos, experiências de vida, olharam, reinterpretaram, recriaram, as tradições populares, os saberes oficinais, a memória, a identidade, o que é isso de memória coletiva”, explicou esta quinta-feira a curadora da exposição e diretora do Museu do Design e da Moda (MUDE), Bárbara Coutinho, numa visita para a imprensa.

Esta iniciativa chega à Casa do Design através de uma coprodução entre a Câmara Municipal de Matosinhos, a esad-idea, Investigação em Design e Arte e a Câmara Municipal de Lisboa, através do MUDE, integrando o programa de itinerância “MUDE Fora de Portas”.

São 180 coordenados, “de quase 40 ‘designers’ de diferentes gerações, linguagens, percursos e idades” que foram “construindo toda uma linguagem e identidade que corrobora e concorre também para essas múltiplas identidades da moda portuguesa”, uma disciplina que “tem essa capacidade de ser um fenómeno sociocultural muito abrangente e transversal, que traz a tecnologia, economia, cultura, artes, saberes mais oficinais, e tem esta capacidade de individualizar cada sujeito e ao mesmo tempo ser o espelho de cada época”.

A intenção é, “através da época, fazer uma leitura prismática sobre as mudanças que a sociedade atual passa e vive”, adiantou.

Quem visita a exposição é convidado a “construir a sua própria ideia do que é a portugalidade, que conceito é esse, que emoção é essa, como um conceito não fechado, saudosista, que em tempos esteve associado a uma visão mais nacionalista”, mas como “uma coisa mais fluida”.

Esta mostra é também um reflexo de um país a construir-se em liberdade, arrancando o “vestido verde emblemático desenhado pela Maria-Thereza Mimoso” para a interpretação de Simone de Oliveira da “Desfolhada Portuguesa” no Festival Eurovisão da Canção, em que “toda ela é uma imagem que se quer projetar de um determinado Portugal, que vivia em ditadura, mas que aspirava, através da palavra e do português, e da imagem, a uma vida e vivência democrática, livre, moderna”.

“É de facto do 25 de Abril que esta exposição trata. Trata destas liberdades plurais que mostram a democracia que fomos construindo, e um outro Portugal que vai sendo construído”, afirmou Bárbara Coutinho.

São apresentadas peças de ‘designers’ como Alexandra Moura, Alves/Gonçalves, Constança Entrudo, Dino Alves, Helena Cardoso, Filipe Augusto, José Carlos, Luís Buchinho, Maria Gambina, Maria-Thereza Mimoso, Miguel Flor, Nuno Gama ou Storytailors.

Há ainda peças usadas por Amália Rodrigues, António Variações, Doce, Heróis do Mar, The Gift, Joana Vasconcelos, Conan Osíris e Cláudia Pascoal.

“Portugal Pop. A moda em português 1970 – 2020” abre ao público este sábado e pode ser visitada até 18 de setembro, na Casa do Design, em Matosinhos.