Refugiados ucranianos na Maia já conseguem comunicar o básico em português

Foto de Arquivo: Angélica Santos

Durou um mês, de 26 de abril a 26 de maio, decorreu a formação intensiva de Português para ucranianos. Estes cidadãos refugiados da guerra da Ucrânia foram acolhidos na Maia, maioritariamente por familiares, que já residiam no concelho há algum tempo.

Uma turma de 12 alunos de variadas faixas etárias tem sido recebida na Biblioteca Municipal da Maia, numa formação de 30 horas e que durou um mês. As formadoras Sofia Rente e Kateryna Atamanova (tradutora) forneceram os conceitos básicos da língua portuguesa, em regime de voluntariado. A formação é promovida pelo BabeliUM – Centro de Línguas da Escola de Letras, Artes e Ciências Humanas da Universidade do Minho, em cooperação institucional com a Câmara Municipal da Maia.

O grupo de alunos não conhecia outra língua que não a sua, por isso o papel da jovem Kateryna Atamanova foi fundamental para que Sofia Rente passasse o conhecimento para os ucranianos acerca do Português básico, que os poderá auxiliar “a funcionar normalmente e a poderem tratar dos seus assuntos junto de instituições como o SEF, Segurança Social e Finanças”, referiu Kateryna, que vive na Maia há cinco anos com o marido, que é português.

Sofia Rente explicou ao Notícias Primeira Mão que este tipo de ações formativas costuma ter 60 horas, mas neste caso, mediante a urgência de dar a estas pessoas competências linguísticas essenciais para conseguirem integrar-se com mais à vontade e com “a nossa vontade de ajudar e dar o nosso contributo como professoras de línguas”, foi possível congregar esforços com as entidades promotoras para começar o mais depressa possível com este curso mais intensivo.

Kateryba Denysova, de 29 anos, é a aluna mais nova, enquanto Maria Huba, com 80 anos, é a formanda com maior vivência.

A primeira veio com a mãe, Irina, de 50 anos, também ela a frequentar o curso, da cidade de Kiev, capital da Ucrânia. A jovem é especialista em Saúde Pública e a mãe é formada em Marketing.

A segunda formanda era engenheira civil e com oito décadas de vida viu-se obrigada a deixar a sua casa em Dnipro, a quarta maior cidade da Ucrânia, no sudeste do país.

Kateryna Denysova é a única que consegue compreender melhor a língua portuguesa e estabelecer diálogo com os portugueses, porque estudou no Porto durante algum tempo. Agora junta-se à mãe nesta formação também para a auxiliar a aprender português com mais facilidade. Apesar da distância disse-nos que vai tentar continuar a trabalhar para a Ucrânia, através da internet.

Apesar das dificuldades, os restantes formandos já conseguem, nesta altura, ler pequenos textos em português com uma pronúncia quase correta.

A tradutora, Kateryna Atamanova, explicou-nos que, quando começou a aprender português considerou que era “muito difícil e muito diferente do ucraniano, já que toda a estrutura da língua e gramática são diferentes”. Já para não falar do alfabeto, a língua ucraniana escrita não tem paralelo com a nossa.

Ainda assim, já existem ucranianos a perceberem algumas frases em português e a conseguirem ler pequenos textos de forma exemplar, para quem está a começar do zero.

A aula a que assistimos, a penúltima, decorria de forma descontraída e bem disposta. Ninguém diria que esta turma de 12 era constituída por pessoas deslocadas de uma guerra e vítimas de tanto sofrimento.

A tradutora Kateryna Atamanova atribui este estado de espírito das aulas ao “otimismo e grande força de vencer caraterística do povo ucraniano”, que é muito “resiliente” e cheio de esperança num futuro melhor.

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