Na apresentação do programa do 25 de abril na Maia um preso político contou aos alunos das escolas como sofreu a “tortura”

Domingos Abrante Ferreira_Foto Mários Santos CM Maia

“Vou votar sempre para honrar o seu sacrifício”. A afirmação partiu de um dos alunos que, na última sexta-feira, assistiu à conferência “Prisões políticas no tempo da ditadura”, cujo orador foi Domingos Abrantes Ferreira.

Depois do antifascista, opositor ao regime do Estado Novo, ter contado a sua experiência marcada por 11 anos de cativeiro “por pensar de forma diferente”, 16 dias e 16 noites de tortura de privação o sono, o resistente foi aplaudido de pé pelos alunos do ensino secundário dos agrupamentos de escolas da Maia. “Fui privado de liberdade por querer a liberdade”, contou aos jovens.

“Não há nada mais importante para que uma sociedade progrida e se desenvolva, para que se afirme como uma sociedade civilizada e justa, do que a Liberdade e a Democracia”, afirmou o presidente da Câmara Municipal da Maia, na abertura dos trabalhos.

Aos jovens, Silva Tiago instigou a fazer perguntas, a pedir esclarecimentos e a participar “sempre na vida democrática da vossa comunidade”, desafiando ainda: “Nunca permitam que sejam outros a decidir por vós e tomai nas vossas mãos o futuro de Portugal e da terra onde viverdes. A vossa participação ativa na vida política democrática é a melhor forma de preservar a Liberdade e a Democracia”.

A conferência marcou a abertura das comemorações dos 50 anos do 25 de abril. Na sexta-feira foi também apresentada pelo vereador da Cultura, Mário Neves, a programação, que vai decorrer até novembro de 2024, com uma série de atividades, que procura colocar a comunidade educativa no centro das celebrações, com o objetivo de reforçar a compreensão e importância histórica do 25 de Abril, do ponto de vista político, social e económico.

A conversa com Domingos Abrantes Ferreira foi “chocante”, mas “esclarecedora”. Nunca se falou muito sobre o tema em casa de Maria Monteiro e Alice Pereira porque quando se deu o 25 de Abril de 1974 os pais ainda nem eram nascidos. Em casa de Maria não há grandes histórias até porque o avô só foi para a tropa em 1975.

As duas alunas da Escola Secundária da Maia consideram que a história do Estado Novo e da Revolução dos Cravos que lhes é contada na escola “é muito cor-de-rosa”. Alice ficou chocada “com o facto de a PIDE usar os filhos para torturar as mães”.

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