A ‘Descobre Destreza’ – Associação Desportiva (DDAD) é uma associação sem fins lucrativos, que nasceu da necessidade de dar uma resposta especializada ao nível desportivo, a pessoas com deficiência. Existe desde novembro de 2018 e, desde então, surge como um apoio e uma alternativa no âmbito do desporto abrangente, procurando desenvolver várias atividades com crianças, jovens, adultos e seniores.
Paulo Teixeira é quem está por trás deste sonho, que de resto começou a alicerçar-se alguns anos antes, quando o fundador da associação entrou para a faculdade. “O sonho de trabalhar com pessoas com deficiência já existe desde 2012”, explicou. Também a convivência com pessoas com deficiência ajudou no desenvolvimento desta paixão.
Nos seus anos de licenciatura, Paulo cruzou caminho com a selecionadora nacional de Boccia, Helena Bastos, que o ajudou a dar os primeiros passos em direção a este projeto. E foi no ano de 2018, quando “o IPDJ – Instituto Português de Desporto e Juventude – lançou o ‘Empreende já’, que consiste em criar o seu próprio posto de trabalho”, que Paulo resolveu concorrer acabando por ser “um dos finalistas a ganhar um prémio para iniciar a coletividade”.
‘Descobre Destreza’ procura patrocinadores
Esta associação abriu portas antes do começo da pandemia e, atualmente, conta com a Câmara Municipal da Maia como única fonte de ajuda económica. “Ainda há muitas pessoas que têm medo de apostar no patrocínio da nossa associação”, confessa Paulo Teixeira, afirmando que “os nossos maiores patrocinadores eram pequenas e médias empresas aqui da zona, como cafés e restaurantes, que nos davam algum rendimento e que foram os mais afetados pela pandemia”. Mesmo assim, “eles apoiam com a divulgação, dão-nos alimentação, se necessário, e continuam a ser nossos parceiros” de formas alternativas.
Paulo contou ao Primeira Mão que no início “estávamos muito bem lançados. Tínhamos uma verba bastante engraçada, dedicada para a associação das modalidades do desporto adaptado”. Mas foi no dia 13 de março de 2020, altura em que o país fechou devido à pandemia, que Paulo Teixeira decidiu “não avançar com o projeto, porque eram valores bastante consideráveis e que podiam pôr em causa a existência da associação”.
A ‘Descobre Destreza’ continuou a fazer o seu trabalho e procura manter contacto frequente “com o pelouro do desporto e com o pelouro da juventude”. Lançou também um projeto que consiste em “levar o desporto adaptado às escolas” e está, neste momento, “à espera do resultado da candidatura”.
Adicionalmente, “temos algumas propostas diretamente com a Câmara da Maia, para ver se podemos concorrer ao Erasmus Sport, que arrancou agora em 2021 até 2027, para captar mais fundos para a Maia”.
Paulo acrescenta que é preciso tirar partido das espetaculares instalações desportivas existentes na Maia, “não é por acaso que é considerada a cidade do desporto”, acrescenta Paulo.
“Só no agrupamento de Pedrouços, estão associados mais de 150 jovens e crianças com deficiência/ necessidades especiais”.
Paulo Teixeira estudou e morou toda a sua vida na Cidade da Maia, onde tem “todo o gosto em desenvolver atividade desportiva para pessoas com deficiência” e, segundo o coordenador da associação, “só no agrupamento de Pedrouços, estão associados mais de 150 jovens e crianças com deficiência”.
Para conseguir ajudar o maior número de atletas possível, a associação ‘Descobre Destreza’ está a trabalhar na divulgação. Mas um maior número de atletas também significa uma maior despesa e, por isso, “também precisamos de apoios para lhes conseguir dar condições, porque tê-los e não lhes dar condições não vale a pena”, refere o dirigente associativo. “Nós estamos aqui para fazer um bom trabalho e não, para tapar buracos”, conclui.
O Primeira Mão também teve a oportunidade de conversar com alguns atletas de paraciclismo que fazem parte desta associação.
“A atividade desportiva traz-me melhor qualidade de vida e o convívio que temos entre todos também é fundamental”, explica Sérgio Gomes. Para o atleta, a ‘Descobre Destreza’ “é um grande pilar que nos leva à prática do paraciclismo”.
Fernando Mendonça é outro dos atletas da associação e considera que esta coletividade desportiva o ajuda “bastante na parte da inscrição, transporte e estadia” quando tem alguma prova, por exemplo. “Como nós temos a parte de ser atletas, temos que nos dedicar mais à faceta dos treinos e, tendo uma associação por trás a tratar desses pequenos pormenores é fundamental”, refere.
Portugal tem pouca abertura ao paraciclismo
Fernando também aborda uma realidade importante e que considera incompreensível. “Há muitas associações que têm ciclismo e não querem ter a modalidade de paraciclismo. Se cada associação com vários tipos de modalidades de desporto, se abrisse a pessoas com deficiência, muitas mais faziam desporto” alerta. Por isso, integrar a ‘Descobre Destreza’ “é uma ajuda muito grande”.
Ana Silva também faz parte da equipa da ‘Descobre Destreza’ e tornou-se campeã nacional de paraciclismo de estrada em junho e venceu a Copa de Espanha de ciclismo adaptado em feminino, no dia 26 de junho passado.
Sem adversários diretos na sua classe de competição, Ana também refere que “não não existe paraciclismo para pessoas com deficiência visual e existem poucas associações com esta vertente”.
A associação acolhe quatro atletas invisuais e Ana “gostaria que cada vez fossem mais”, deixando um apelo ao crescimento do paraciclismo em Portugal, “não só na vertente da deficiência visual, mas também, em todas as outras”.