Fernanda Ribeiro firme na saída da Federação de Atletismo após “humilhação” ao treinador

Fernanda Ribeiro_Foto de Arquivo

A campeã olímpica Fernanda Ribeiro manifestou-se esta terça-feira irredutível na sua demissão da direção da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), considerando indesculpável a “humilhação” ao seu treinador João Campos na Gala do Centenário da instituição. Fernanda Ribeiro vive há vários anos na Maia, onde instalou uma academia de Atletismo.

“No momento em que tomei a atitude no dia da gala, não tinha dúvidas. Vi uma pessoa a ser humilhada, vi o treinador mais medalhado a ser ignorado”, justificou a campeã olímpica dos 10.000 metros em Atlanta1 996 e bronze em Sydney 2000.

Na Gala do Centenário da FPA, João Campos não integrou o quarteto da eleição dos melhores treinadores, composto por Moniz Pereira, João Ganso, José Uva e Sameiro Araújo.

“Não encontro nenhuma explicação, porque não consigo entender como isto foi feito. Isto é o centenário, por isso tem de ser para os melhores nestes 100 anos. É para o melhor atleta, para o melhor treinador…”, exemplificou, revelando que já recebeu vários telefonemas de outros técnicos em solidariedade com a sua atitude.

Fernanda Ribeiro recordou que João Campos é o treinador mais medalhado – “ainda mais do que eu, pois tem pódios com o Rui Silva, a Jéssica Augusto e por equipas nos Europeus de cross” – pelo que defende que o facto de não estar nomeado entre os melhores “é grave”.

Apesar de ter ficado em “choque” com aquilo a que assistiu na gala, reiterou o “respeito” por todos os nomeados.

“Atenção que eu respeito todos os treinadores que lá estavam. Estamos a falar do centenário e o João Campos, quer queiram, quer não, é o treinador com mais medalhas. E basta”, reforçou a campeã do mundo dos 10.000 em 1995 e da Europa em 1994.

Fernanda Ribeiro assumiu que o seu antigo técnico estava “triste” – “se eu senti que estavam a ser injustos, imagino ele” -, contudo o seu estado de espírito aliviou com a atitude da sua antiga atleta, que abandonou a gala e anunciou a sua demissão da federação.

“Já lhe disse que o que ganhámos ninguém nos vai tirar ou deitar abaixo. Sei o valor dele e ele o meu. Claro que ele estava muito em baixo, mas vi-o agora mais feliz pela atitude que eu tomei. Não pensou que eu a ia tomar, apesar de me conhecer perfeitamente. Senti-o um pouco mais feliz porque viu que estou do lado dele”, contou.

Fernanda Ribeiro assumiu algum desgaste pelo facto de entender que a federação não aproveita alguns dos seus contributos, pelo que, depois do sucedido, “já não conseguia ser uma pessoa normal” nem se estava a “identificar” no seio da instituição.

Ainda assim, diz que “nem tudo é mau” na FPA, reconhecendo que há “pessoas a tentar mudar” coisas menos positivas e que entende estarem “no bom caminho”.

A campeã olímpica lamenta o facto de os seus contributos e os de José Regalo, igualmente ex-atleta e que também vive no Norte, não estarem a ser devidamente aproveitados, considerando que se assim não fosse a FPA poderia evitar alguns erros.

Fernanda Ribeiro espera que, apesar da sua saída, o Norte não seja esquecido e que o Centro de Alto Rendimento (CAR) da Maia seja dotado das condições de trabalho necessárias ao seu estatuto.

 

(Lusa)

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