Três quartos das famílias portuguesas enfrentaram dificuldades financeiras em 2022, 8% estão em “situação crítica”, com problemas em pagar todas as despesas essenciais, aponta o barómetro anual da Deco Proteste, hoje divulgado.
Segundo os resultados do barómetro, 74% das famílias assumiram ter enfrentado, mensalmente, problemas financeiros.
Face a 2021, a dificuldade em enfrentar as despesas com a alimentação sofreu o maior aumento (15%), seguindo-se as despesas com a habitação (5%) e com a mobilidade (4%).
O estudo da Deco Proteste precisa que “as principais parcelas que geram constrangimentos na gestão orçamental” dos consumidores dizem respeito às despesas com o carro — combustíveis, manutenção e seguros (67%) –, alimentação — carne, peixe e alternativas vegetarianas (59%) –, férias grandes — viagens e estadias (57%) –, cuidados dentários (55%) e manutenção da casa — obras, remodelações (54%).
“O índice que mede a capacidade financeira das famílias também não deixa espaço para dúvida: em 2022, atingiu o valor mais baixo desde há cinco anos — 42,1 (de 0 a 100; em que quanto mais elevado o número, maior a capacidade financeira para enfrentar as despesas mensais)”, salienta.
Em termos geográficos, é nos Açores que o índice apresenta piores resultados (37,2), seguindo-se os distritos de Vila Real (38) e Aveiro (39,4).
Em “maior desafogo financeiro” estão os distritos de Coimbra (47,1) Beja (43,5), Lisboa (43,5) e a Região Autónoma da Madeira (45,1).
Citada no comunicado, a diretora de Comunicação e Relações Institucionais da Deco Proteste considera que “os resultados de 2022 não são animadores”: “É constatável que não houve uma melhoria efetiva das condições de vida dos portugueses nos últimos anos e as consequências da guerra na Ucrânia puseram a nu todas as fragilidades da nossa economia e a debilidade económica da maioria dos agregados familiares”, afirma Rita Rodrigues.