Som de Algodão estreia espetáculo de poesia ‘falada pelo corpo’ para ouvintes e não-ouvintes

O espetáculo “O Poema Só Existe no Espaço Onde Há Luz” foi pensado para a comunidade não-ouvinte, pelo coletivo Som do Algodão, e estreia-se no próximo domingo, às 18h00, no Fórum da Maia, mostrando a palavra “falada pelo corpo”.

O novo trabalho da companhia, que completa 10 anos em 2022, “faz uma viagem” pela obra de autores como Manuel António Pina, Matsuo Bashō, Ana Hatherly e Eduardo Galiano, estabelecendo “um lugar de experimentação poética”, “em estado visual” – sem esquecer sequer “a migração das borboletas” -, como indica à Lusa uma das suas criadoras, Mariana Santos.

“O Poema Só Existe no Espaço Onde Há Luz”, uma criação de Dulce Moreira e Mariana Santos, tem por objetivo chegar a um público “normalmente afastado” do teatro, e mostrar que a palavra é mais do que o “dito pela boca”.

“O espetáculo é muito visual. Além da tradução para língua gestual, sentimos necessidade de criar, em termos de luz e vídeo, um apoio que permitisse uma viagem diferente. A parte musical foi trabalhada com sons mais graves, para criar alguma sensação mais sensorial”, explicou Mariana Santos à Lusa.

O objetivo, disse, “é mostrar que a palavra sai pela boca, oralmente, mas também existe no corpo, existe na musicalidade, na expressão sonora, que o gesto e a forma como a palavra existe no nosso corpo também são uma linguagem”.

A poesia é para isso “o veículo mais interessante para fazer esta viagem, porque cria esse universo onde pode coabitar o gesto, a luz, e parte muito da interpretação individual”.

Embora tenha sido pensado para a comunidade surda, “O Poema Só Existe no Espaço Onde Há Luz” é um espetáculo para todos.

“É também para quem ouve, para a família toda”, garantiu a autora à Lusa. “Um não ouvinte vai ter uma interpretação e sentir o espetáculo de uma forma diferente de um ouvinte, e também queremos explorar isso, estimular essa imaginação no público”, garantiu a autora.

“O Poema Só Existe no Espaço Onde Há Luz”, com Língua Gestual Portuguesa, é uma criação de Dulce Moreira e Mariana Santos com interpretação das criadoras e de Cláudia Rubim, com corografia de Vanessa Canto.

A estreia do espetáculo está marcada para o Fórum da Maia, no próximo domingo, às 18h00, e tem entrada livre.