Uma investigação, que durava há pelo menos dois anos, desmantelou uma rede que utilizava o sistema bancário nacional para branquear capitais, movimentando 209 milhões de euros, através de esquema bancário. Foram apreendidos seis imóveis, carros de luxo, contas bancárias e 300 mil euros em numerário.
A realização das buscas que passaram pela Varziela, em Vila do Conde, envolveram cerca de 170 elementos da Diretoria do Norte da PJ e elementos das unidades de Braga e de Vila Real e a colaboração de elementos da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE).
Os 67 mandados de busca foram cumpridos nos municípios de Espinho, Paredes, Póvoa de Varzim, Porto, Valongo, Vila do Conde, Vila Franca de Xira e Vila Nova de Gaia. No âmbito destas buscas, 45 pessoas singulares e coletivas foram constituídas arguidas e sete suspeitos foram detidos.
No âmbito da operação designada como “Cash-a-Lot” está em causa a presumível prática dos crimes de associação criminosa, branqueamento, fraude fiscal e falsificação de documentos, praticados por uma organização de caráter transnacional, controlada por cidadãos nacionais e estrangeiros.
De acordo com comunicado da Polícia Judiciária, a rede criminosa utilizava o sistema bancário nacional para o processo de branqueamento. Fazia-o criando sucessivas sociedades e contas bancárias tituladas pelas mesmas, uma vez que estas têm “vantagens na sua maioria provenientes da prática do Trade Based Money Laundering (processo para disfarçar lucros de atividades ilícitas como se fossem fundos legítimos, utilizando transações de comércio internacional para ocultar a origem do dinheiro)”.
Estes montantes de origem criminosa eram depositados nas contas bancárias nacionais e eram depois transferidos para contas correspondentes domiciliadas em países europeus terceiros.
Em dois anos, a investigação apurou a existência de depósitos em dinheiro de mais de 141 milhões de euros, num total movimentado, através das “conta veículo” de 209 milhões de euros.
No decurso da megaoperação foram apreendidos seis imóveis urbanos, nove carros de luxo, 74 contas bancárias controladas pelos suspeitos em território nacional e saldos de 67 contas bancárias domiciliadas em 11 países europeus.
Além destes bens, foram apreendidos “cerca de 300 mil euros em numerário, documentação diversa relativa à prática dos factos, material informático, cartões bancários e de telecomunicações, documentação falsa e armas de fogo”.
As diligências foram acompanhadas por duas magistradas do Ministério Público do DIAP Regional do Porto, com o inquérito sob a tutela do DIAP Regional do Porto.
Os detidos vão ser presentes à autoridade judiciária no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, para primeiro interrogatório judicial e aplicação das medidas de coação.
