Presidente da Delegação da Cruz Vermelha da Maia congratula-se com avanço do MP no caso das verbas desviadas

UCC Cruz Vermelha Maia_Foto de Arquivo

A expectativa do presidente da Delegação da Maia da Cruz Vermelha é que a instituição possa ser ressarcida, após o julgamento, das verbas que foram desviadas pelo antigo tesoureiro.

O Ministério Público só nos últimos dias deduziu a acusação ao antigo tesoureiro, que desviou dinheiro da Cruz Vermelha da Maia, no âmbito dos mandatos em que esteve inserido na Direção entre 2003 e 2017.

O MP acusa o arguido de 73 anos de se ter apoderado de mais de 121 mil euros da loja social da instituição ao longo de seis anos.

Recorde-se que a Direção da Delegação da Maia chegou a 2017 insolvente e os corpos sociais foram demitidos, tendo a Cruz Vermelha nacional enviado José Ferreira, como delegado especial, para assumir a entidade em 2017.

José Ferreira reuniu, entretanto, uma equipa que assumiu os novos corpos sociais.

Entrevistado para o programa Maia Magnética, da Rádio NoAr, o atual presidente da direção da delegação, congratula-se por “se começar a ver o início de um processo que poderá fazer justiça à instituição, apesar de já se terem passado muitos anos”.

José Ferreira recorda que “em abril de 2017 foi solicitada a minha participação na Delegação da Maia pois a instituição estava insolvente com dívidas de mais de 200 mil euros aos nossos credores, não tínhamos viaturas, os serviços não funcionavam, porque, de facto, houve uma má gestão e até desvio de fundos”.

O atual gestor recorda que a Delegação da Maia já viveu “este martírio nos últimos 30 anos anteriores a 2017: tinha havido uma direção até 2003 que não funcionou muito bem; de 2003 a 2017 houve esta situação que agora é pública”.

José Ferreira adianta mesmo que não tinha muita esperança que se fizesse justiça, passados estes anos. Disse na entrevista: “nem pensei que houvesse resposta ou que a Justiça tivesse tomado as medidas adequadas. Mas para minha surpresa, houve uma medida do Ministério Público”.

De resto, a dedução da acusação vem na sequência de uma investigação, a começar por uma auditoria à Delegação pedida pelo próprio José Ferreira, que sublinha, “eu fiz chegar todos os documentos que me foram solicitados pelas entidades competentes, mas só até 2010, porque para trás dessa data não consegui ter acesso”.

A expectativa de José Ferreira é que em tribunal se possa decidir a favor da Cruz Vermelha e esta poder ser reembolsada das verbas que lhe foram desviadas, até porque, “pelo que li na notícia do CM, já foram arrestados alguns dos bens da pessoa acusada pelo Ministério Público”.

O dirigente adianta que a instituição constituiu-se como credor neste processo, para que a Cruz Vermelha possa reaver as verbas desviadas.

Atualmente, garante José Ferreira, a Delegação da Maia recuperou a “confiança dos fornecedores e clientes a quem presta serviços”, pois tem as contas em dia e até já partiu para grandes investimentos, como é o caso da nova Unidade de Cuidados Continuados em Águas Santas, Maia, cuja construção já está concluída.

A nova UCC está pronta para abrir, apenas faltam alguns procedimentos burocráticos, que se devem, em parte, à mudança das direções na Cruz Vermelha nacional.

A construção do empreendimento iniciou-se no mandato de Francisco George, passou por cerca de um ano do mandato de Ana Jorge, e deverá ser agora o novo presidente, António Saraiva, a cortar a fita da Unidade.

De resto, o presidente da Delegação adianta que o presidente da Cruz Vermelha nacional vai iniciar uma série de visitas a delegações e a Maia será uma das primeiras a ser visitada por António Saraiva.

O antigo presidente da CIP – Confederação da Indústria Portuguesa, sucede à médica e antiga ministra Ana Jorge, no cargo para o qual foi nomeado pelo governo.

António Saraiva foi, durante os últimos 13 anos, presidente da CIP, tendo também assumido funções de vice-presidente da BusinessEurope, uma organização de empresas europeias que representa as principais confederações de 35 países.

No seu discurso de tomada de posse, Saraiva vincou a palavra “rigor”, o que apraz registar ao presidente da Delegação da Maia, que sublinha a importância de ser, dos últimos presidentes da direção, aquele que tem mais experiência “como gestor, empresário e mediador, o que é uma grande mais-valia para a Cruz Vermelha Portuguesa”.

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