Os “Dias Na Diocese” são uma espécie de pré-Jornadas Mundiais da Juventude, que acontecem por todo o país.
Na Maia, inseridos no “Dias na Diocese” do Porto, estão esta semana cerca de 1500 jovens de 15 nacionalidades, que são recebidos em instituições, em espaços da diocese, em duas escolas – a EB 2,3 da Maia e a Secundária de Moreira – e em casas de acolhimento de famílias maiatas.
Voluntariamente, cerca de 250 famílias recebem e convivem durante uma semana com alguns jovens estrangeiros. Geralmente, ficam dois peregrinos em cada habitação, mas há casos em que cada família recebe mais, como Carlos Teles, que alberga cinco moçambicanos.
Carlos Teles, de 56 anos, é um dos maiatos que transformou a sua casa, na Cidade da Maia, em acolhimento de cinco jovens moçambicanos. Tem duas filhas, que também vão participar nas Jornadas Mundiais da Juventude.
Carlos Teles explica que os primeiros dois peregrinos chegaram na terça-feira e entretanto, na quarta-feira, entraram em casa mais dois. No fim de semana ainda chegará mais um.
Foi uma decisão unânime na família, “foi algo natural: é preciso acolher, vamos fazer, nem pensámos muito no assunto”, explicou à nossa reportagem.
Carlos Teles referiu que está a “correr tudo muito bem e que as jovens estão a gostar muito de cá estar”. Também o relacionamento com as suas filhas tem sido muito espontâneo, e mais, é uma das suas filhas que tem feito todo o acompanhamento dos hóspedes, contou-nos orgulhoso.
Miguel Ascenção, de 37 anos, a sua companheira e os dois filhos recebem na sua residência, em S. Pedro Fins, dois padres sul-coreanos.
À nossa reportagem adiantou que “já houve tempo de trocar algumas impressões e experiências, tem sido interessante, o desafio era mesmo esse e tem sido conseguido”.
Sendo Miguel um peregrino de Santiago e tendo o gosto de viajar disse-nos compreender a aventura de quem sai de casa para outro país, “no âmbito de busca de conhecimento e de desenvolvimento espiritual”. Espera transmitir este seu exemplo de hospitalidade aos seus filhos, esperando que eles no futuro sigam as suas pisadas.
Iva Fernandes, de 46 anos, reside em Santa Maria de Avioso, e tendo sido ela peregrina numas Jornadas Mundiais de Juventude em Roma, em 2000, sentiu-se desde logo impelida a participar de alguma forma neste evento para “ajudar no que fosse preciso”.
Quando esteve em Roma, sentiu-se muito tocada com a experiência, pelo que também espera poder transmitir este exemplo aos seus dois filhos.
Ela e o marido começaram a namorar durante as Jornadas da Juventude de Roma e, agora, estão do aldo de quem recebe, albergando dois jovens argentinos. É com orgulho que Iva conta que o seu filho de 18 anos está a participar na organização das atividades da paróquia e a ajudar nas iniciativas e visitas que os peregrinos realizam na Maia e no Porto.
Estes maiatos explicaram que têm tido a preocupação de mostrar o que de mais tradicional existe na gastronomia portuguesa, servindo aos seus hóspedes alguns petiscos bem nacionais.
O certo é que alguns dos peregrinos com quem falámos nesta reportagem dizem ter apreciado muito a comida portuguesa. Alguns destacam a francesinha e os pratos com bacalhau, outros dizem gostar muito dos doces, referindo que os portugueses são muito gulosos. Também houve elogios ao vinho do Porto.
Conversámos com os jovens Marianela Asalgado e Rodrigo Goñi, vindos de Mendonza, Argentina, de 24 e 26 anos, respetivamente, e ainda com Joni Mendonza, de Tenerife, Espanha, que com 31 anos já teve outra experiência em Jornadas de Juventude, em 2011, em Madrid.
Joni referiu mesmo que o que prefere nas Jornadas de Juventude são os Dias na Diocese, mais do que propriamente a cerimónia com o Papa, já que existe uma vivência com maior proximidade das pessoas e das tradições culturais e patrimoniais de cada região.
“A amabilidade das pessoas, que nos fazem sentir em família” é a característica que Joni destaca do que considera ser mais marcante da sua estadia na Maia.