Maia Circular: Resíduo deve passar a ser visto como um recurso

Foto: DR

Marta Peneda, vereadora da Câmara da Maia e da Administração da Maiambiente, alertou que metas do PERSU 2030 são um desafio à realidade.

A Maiambiente e o consórcio CircularTECH promoveram, no dia 2, no auditório do TecMaia, a conferência “Maia Circular”, que abordou a importância do ambiente e da inovação na Economia Circular e os passos que o país precisa de seguir para atingir os objetivos da neutralidade carbónica.

Na abertura da sessão, a presidente do Conselho de Administração da Maiambiente, Marta Peneda, começou por enumerar um conjunto de medidas que o município da Maia tem adotado desde a década de 1990 para repensar o território e adaptá-lo aos novos desafios climáticos, destacando um conjunto de boas práticas em áreas absolutamente decisivas para que se possa falar num território verdadeiramente sustentável. Fê-lo em relação ao ambiente, à energia, à água e, naturalmente, aos resíduos.

A autarca criticou a forma como foi desenhado o Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU) 2030, destacando que este “exige em seis anos o que não foi realizado em 30, e num contexto socioeconómico especialmente delicado, seja de escassez de recursos humanos, seja de excesso de burocracia, seja até de falta de financiamento.” Alertou, também, para o facto de que “a capacidade dos aterros está próxima da rutura e não há um plano B.”

Abordando o sistema de gestão de resíduos, Marta Peneda manifestou desagrado pelo facto de os valores de contrapartida que as entidades pagam aos Sistemas de Gestão continuarem sem ser atualizados, o que “contribui para a depauperação do setor”.

Numa iniciativa que falou sobre ambiente e inovação, uma das ideias transversais aos diversos painéis foi a necessidade de empresas e instituições da sociedade civil começarem a olhar para os resíduos como um recurso com potencial de negócio, algo que só agora começou a ser feito de forma muito gradual. Para vários oradores, a chave para transformar o modelo económico – para uma maior circularidade – está precisamente em mudar a mentalidade na forma como é gerido o ciclo de vida de um produto.

Em representação da Maiambiente, Carlos Mendes realçou a necessidade de envolver a população no esforço conjunto de gestão dos resíduos urbanos: “Precisamos de continuar a diversificar os serviços aos munícipes, facilitar-lhes os acessos e promover uma maior proximidade. Não é possível fazer este caminho sem as pessoas do lado da solução”, destacou, frisando ainda a necessidade de inovar e antecipar soluções.

Cristina Andrade, do SMAS da Maia, destacou o investimento realizado pelo município na gestão da água, com principal destaque para a ETAR de Parada, a primeira estrutura do género a implementar o tratamento integrado de lamas e que deu origem a um produto que já está a ser comercializado e utilizado em diferentes empresas ligadas à área vinícola, jardins, agricultura, entre outras.

Do lado da Agência de Energia do Porto, Rui Pimenta mencionou que “liderar projetos e iniciativas que integram a estratégia europeia e trabalhar a cadeia de valor são passos importantes neste trabalho”. Replicar casos de sucesso ao nível da eficiência energética para diminuir custos e alcançar a neutralidade carbónica são, também, medidas importantes.

A parte da tarde, dedicada à inovação, contou com a apresentação de projetos diferenciados e de alto valor tecnológico.

Paulo Fernandes, do ITGuest, começou por apresentar a agenda mobilizadora para a inovação empresarial. O consórcio, composto por 19 entidades, propõe-se desenvolver 30 produtos.

Sérgio Esteves, da Maiambiente, apresentou a solução do ecocentro inteligente.

Em representação do CECOLAB, Filipa Figueiredo apresentou um sistema de alvenaria com blocos sustentáveis e circulares, que se baseia na reutilização de resíduos de construção em novas soluções e dispensa materiais como a argamassa.

Pedro Vieira, da Bee2Fire, apresentou soluções de aplicação de princípios de machine learning na identificação de monos urbanos.

Samuel Silva, da Domática, apresentou um projeto de Edging Computing e sensorização na economia circular dos resíduos. Esta técnica da computação permite, entre outras vantagens, melhorar a resposta a eventos críticos.

Foram, ainda, promovidas duas mesas redondas que convidaram entidades e personalidades como: Agência Portuguesa do Ambiente, Cristina Carrola; CCDR-N, Rui Fonseca; Novo Verde – Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens, Pedro Simões; LIPOR, Fernando Leite; 3Drivers, António Lorena; e ESRGRA, Paulo Praça (para discutir o tema + Ambiente); e FEUP, Joana Dias; TICE.PT, António Salvado;  EcoAmbiente, Hélder Batista; e Universidade do Minho, Patrícia Silva Castro, (para abordar o tema + Inovação), onde foram deixadas mais pistas de reflexão em torno dos temas da conferência.

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