Inflação retira 65 euros de poder de compra ao salário mínimo

O impacto da inflação, que atingiu em setembro dados que já não se viam desde 1992, refletiu-se em menos 65 euros de poder de compra do salário mínimo o que agrava a taxa de pobreza do país.

Os portugueses que recebem o salário mínimo têm atualmente menos 65 euros de poder de compra do que há um ano devido à inflação, que em setembro foi de 9,3%, revelam dados neste dia divulgados pela Pordata.

Números publicados pela base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos para assinalar o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, que se assinala neste dia, revelam que o impacto da inflação — que atingiu em setembro dados que já não se viam desde 1992 — faz baixar o poder de compra de quem recebe o salário mínimo de 705 euros para 639.

Já as pessoas que recebem pensões mínimas de velhice e invalidez (278,05 euros) ficam na prática com 252 euros devido à inflação, menos 25,9 euros de poder de compra do que há um ano.

O estudo da Pordata alerta que já em 2020, primeiro ano da pandemia, o número de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social, que vinha a descer desde 2014, aumentou 12,5%, o que fez Portugal passar do 13.º para o 8.º lugar dos países com mais população em risco de pobreza entre os 27 da União Europeia.

Os grupos mais afetados pela pobreza em Portugal são os agregados com crianças dependentes, os menores de 18 anos e os desempregados, revelam os dados da Pordata.

Em Portugal, o valor abaixo do qual alguém é considerado pobre situava-se, em 2020, nos 6.653Euro anuais, o que equivale a 554Euro mensais (em 12 meses).

Quase 40% dos agregados familiares com declaração de IRS em 2020 auferiam apenas 833Euro mensais em 2020.

Nesse ano aumentou também, pela primeira vez desde 2015, o número de agregados familiares no escalão mínimo de IRS, ou seja, em 2020 o número de famílias que recebia 416Euro mensais subiu 8,6% face a 2019.

O desemprego médio anual, que estava em rota descendente desde 2014, subiu em 2020 um total de 22,5% face a 2019 e no ano seguinte a média anual de desempregados inscritos no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) não só não recuou como ainda aumentou 0,3% em relação a 2020.

Ou seja, segundo a Pordata, em 2021, havia cerca de 23% mais desempregados inscritos do que antes do início da pandemia em 2019.

Também o número de pessoas a receber o Rendimento Social de Inserção (RSI) aumentou 1,6% em 2021 face a 2020, para um total de 262 mil pessoas.

Embora em 2020 tenha caído o número de beneficiários, no ano passado este número aumentou para mais perto dos valores de 2019. Desde 2012 que o número de beneficiários do RSI apresentava uma tendência decrescente.

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