O terceiro Governo de António Costa, de maioria absoluta socialista, enfrenta hoje o debate do estado da nação com perspetivas de elevado crescimento económico, mas com inflação e juros a subirem e crises em serviços públicos.
Na véspera do debate, o Governo aprovou em Conselho de Ministros o acordo com a Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) para a transferência de competências da administração central para as autarquias, assim como um diploma para criar as condições de estabilização das equipas médicas das urgências dos hospitais e que prevê um regime remuneratório para o trabalho suplementar.
António Costa chega ao primeiro debate parlamentar do estado da nação da XV Legislatura com um executivo em funções há pouco mais de três meses e meio e com o trunfo de Portugal poder registar no final deste ano o mais elevado crescimento económico da União Europeia, 6,5% de acordo com as previsões de Bruxelas.
As previsões indicam também que o défice poderá ficar abaixo dos 1,9% inscritos no Orçamento para 2022, que a dívida em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) continuará numa trajetória descendente e o próprio António Costa tem reivindicado números recorde de investimento no país.
Em paralelo, como consequência agravada pela guerra da Ucrânia, a inflação atingiu os 8,6% em junho, num ano em que os trabalhadores da administração pública tiveram um aumento de 0,9%, e os juros de Portugal a 10 anos superam atualmente os 2,3%.
Face ao drástico aumento dos custos com combustíveis e bens alimentares, a oposição, em bloco, tem exigido compensações imediatas para os trabalhadores e pensionistas, mas o executivo rejeita, alegando que essa via alimentará uma “espiral inflacionista”, e tem apresentado em alternativa medidas de “mitigação” dos aumentos dos preços, que estima já terem ultrapassado os 1600 milhões de euros.