Júlio Nunes deixa direção do ACES Maia/Valongo sentindo o “dever cumprido”

Júlio Nunes_Fotos cedidas por Júlio Nunes

Está efetivada a reorganização dos serviços de saúde desde 1 de janeiro, que implica a extinção do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Grande Porto III – Maia Valongo e a cessação da comissão de serviço do respetivo diretor executivo, Júlio Nunes, ao abrigo do decreto-lei nº 102/2023.

A organização dos cuidados de saúde assenta atualmente na Unidade Local de Saúde de São João EPE, que junta nesta única instituição o Centro Hospitalar e Universitário de São João e os ACeS Grande Porto III – Maia-Valongo e Grande Porto VI – Porto Oriental.

Júlio Nunes esteve dois anos e um mês a liderar o ACES Maia/Valongo, afirmando que termina o seu mandato com “sentido de dever cumprido e de realização dos objetivos propostos. O ACES hoje é diferente daquele que eu, e a equipa que me acompanhou ao longo deste tempo, encontramos. Quer a nível de recursos, quer a nível organizacional, quer a nível de desempenho”.

Júlio Nunes recordou que foram atravessados “períodos críticos onde sempre se destacará a dramática pandemia pela COVID-19 pela sua complexidade. O mandato foi passado nas circunstâncias particulares da resposta à pandemia e posterior recuperação de atividade”.

“Felizmente” nem tudo se resumiu à COVID-19, considerando Júlio Nunes que “muito se fez durante e depois deste evento”, especificando que, “no concelho de Valongo, teve início uma nova Unidade de Saúde Familiar (USF) Campo, no final de 2022, levando a um aumento do número de utentes com médico de família atribuído e ao alargamento do horário de funcionamento da Unidade. A USF Santa Justa, que se encontra sediada no edifício de Valongo, alargou a equipa com mais uma médica e uma enfermeira, contribuindo assim para dar resposta a mais utentes sem Médico de Família atribuído. No início de 2024, está previsto o alargamento da equipa da USF Bela Saúde em Ermesinde, levando assim à cobertura completa da população com médico de família atribuído,” neste concelho.

Já no concelho da Maia, “está previsto, no início de 2024, a criação de uma nova USF (Flor de Lis) em Nogueira, que será constituída pelos profissionais que neste momento se encontram na equipa incluindo, no início de Fevereiro, mais uma médica, que deste modo vai contribuir para uma maior cobertura de utentes. O horário de funcionamento da USF em Nogueira será alargado das 8h00 às 20h00 nos dias úteis. O concelho da Maia ficará com uma cobertura quase total de utentes com Médico de Família atribuído”.

Sublinhou ainda que “o ACeS Grande Porto III – Maia Valongo, devido ao empenho dos profissionais da USF Valongo, conta com a primeira USF com a atribuição do nível “ÓPTIMO” de Acreditação com o Modelo Nacional de Acreditação em Saúde do Ministério da Saúde segundo o modelo da ACSA, mantendo a tradição de ser a primeira Unidade de Cuidados de Saúde Primários a obter este nível em Portugal e Espanha”.

Júlio Nunes aponta ainda a “criação de condições na Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos, com a dotação adequada dos Recursos Humanos que se encontravam em falta, nomeadamente com a integração de uma Psicóloga e Assistente Social e, ainda, o alargamento da Equipa com mais uma Médica, aumentando dessa forma a capacidade de resposta quer em termos quantitativos quer em termos qualitativos.”

Abordando um balanço mais específico durante a pandemia pela COVID-19, Júlio Nunes salienta:

– “O ACES Grande Porto III – Maia Valongo, em estreita colaboração com a Câmara Municipal da Maia, abriu o Centro de Vacinação Covid-19 da Maia em Janeiro de 2022, passando o CVC, que se encontrava na junta de freguesia de Gemunde, para o centro da cidade da Maia, promovendo assim maior acessibilidade dos cidadãos à vacinação, bem como, criando melhores condições de trabalho para os profissionais na prossecução do desígnio nacional de combate à pandemia COVID-19;

– O trabalho realizado com a Câmara Municipal de Valongo, é também de realçar, na medida em que foram parceiros sempre disponíveis, para assegurar todas as condições necessárias, para que o processo de vacinação à COVID 19, decorresse com a garantia de segurança e acessibilidade de todos os cidadãos residentes no concelho à vacinação.

E após a pandemia procedeu-se a uma retoma eficaz da atividade assistencial:

-Apoiamos o processo de transferência de competências na área da Saúde para os nossos 2 Municípios, Maia (inicio em Maio de 2023) e Valongo (inicio a 1 de Janeiro de 2024);

– Dinamizamos nos dois Concelhos do ACES Maia Valongo o programa do Cuidador Informal;

– As Unidades de Saúde passaram a efetuar a Atividade Assistencial e Não Assistencial com as suas equipas completas;

– Elaboramos o Plano Local de Saúde (PLS) do ACeS Maia Valongo, trabalho de excelência conduzido pelos profissionais da Unidade de Saúde Pública do ACeS Maia Valongo, com a colaboração das autarquias da Maia e de Valongo, Centro Hospitalar e Universitário de São João e instituições locais, instrumento fundamental para planear bem, toda a atividade das instituições de saúde e, as da comunidade, que de algum modo realizam atividade de promoção da saúde e bem-estar da população.”

O diretor executivo cessante adianta que para o futuro, ficaram inscritos vários investimentos e apostas, que “em muito irão melhorar a qualidade assistencial para os utentes”, com as candidaturas apresentadas pela ARS Norte IP e, nalguns projetos, com o envolvimento dos municípios da Maia e de Valongo.

Refere-se, especificamente, a “investimentos no âmbito do PRR, a prevista construção de 3 edifícios novos, no concelho da Maia: Milheirós, Pedras Rubras e Maia, para substituir os edifícios de Milheirós (atualmente a funcionar num rés-do-chão de uma moradia) Pedras Rubras (neste momento a funcionar num espaço arrendado à junta de freguesia de Pedras Rubras mas subdimensionado) e Maia (neste momento a funcionar no edifício arrendado à Santa Casa da Misericórdia da Maia, no entanto, devido ao alargamento do número de profissionais existentes neste edifício e, ao aumento do número das respostas na área da saúde, o espaço tornou-se subdimensionado). No concelho de Valongo, está prevista a construção de novo edifício na Gandra para substituir as instalações da Casa do Povo em Ermesinde”.

Ainda o investimento em obras nos dois concelhos, financiadas pelo PRR, nos edifícios da Maia (Águas Santas, Pedrouços) e no Concelho de Valongo (Valongo e Ermesinde – Bela Saúde e São João de Sobrado) com “requalificações substanciais”.

Para além de que se aguarda a entrega este ano e no próximo de “24 viaturas elétricas para os dois municípios, também no âmbito do PRR” e fica calendarizada para este biénio “a abertura de mais um gabinete de Saúde Oral, que será instalado no novo Centro de Saúde da Maia; a criação de dois Centros de Diagnóstico Integrado com capacidade para análises clínicas e outros exames diagnósticos nos centros de saúde de Ermesinde e da Maia.”

Foram concretizados dois gabinetes de podologia em 2023 nos dois concelhos, adquiridos equipamentos para três Cardiopneumologistas, que se encontram alocados no edifício de saúde de Valongo, em Ermesinde (Bela Saúde) e Águas Santas. E ainda a criação de mais uma Equipa de Cuidados Continuados Integrados (ECCI Águas Santas II), no final de 2023. Para 2024 e 2025 está prevista a abertura de mais dois gabinetes de espirometria, um na Maia e outro no Castelo da Maia.

Toda a atividade, frisa Júlio Nunes, “foi possível graças ao empenho e motivação dos nossos profissionais e das nossas equipas”, deixando ainda um “agradecimento e reconhecimento muito especial” aos dois municípios e seus presidentes, às juntas de freguesia, às entidades que se constituíram como parceiras na comunidade e ao Conselho Clínico do ACES e Unidade de Apoio à Gestão “por todo o esforço, dedicação e brio no desempenho das suas funções”.

“O ACES Grande Porto III – Maia Valongo, agora integrado na ULS de São João EPE, é hoje uma instituição robusta, organizada e com provas dadas de capacidade assistencial e operacional. A sua integração no modelo ULS só poderá potenciar estas características e fomentar um modelo de melhoria contínua da assistência aos nossos utentes. Assim o esperamos”, conclui Júlio Nunes, no término do seu mandato como diretor executivo do ACES Maia/Valongo.

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